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O Ser Humano e a Natureza

  • Post published:11/06/2012

Autor: Cleber Francisco de Oliveira (Marashitan)

Certamente, este é um assunto que diz respeito à relação do Homem com sua morada planetária. Por extensão, as agregações ambientais são recorrentes na mídia, que se tornaram uma preocupação mundial de proporções alarmantes, quase sempre com conclusões de fundos catastróficos.

Para os que se interessam pelo assunto e buscam estar atualizados com as várias ações de mobilização social, a internet não deixa de ser uma ferramenta auxiliar, pois o problema é de ordem mundial e evoca, essencialmente, a relação do homem com o meio ambiente. Sendo assim, vista pelo ângulo da globalização, a internet não deixa de ser uma grande fomentadora e divulgadora das inúmeras notícias, que podem informar ou desinformar.


Evidentemente que grande parte do material de conteúdo eletrônico, que é veiculado pela mídia, deve ser garimpado pelo navegador, uma vez que não é absolutamente confiável. Assim, cientes dos vários debates contemporâneos, principalmente, nos meios político e jurídico, não é novidade que a temática suscita incansáveis discussões que se estendem aos seus mais variados aspectos, seja nos âmbitos nacional ou internacional.

Neste contexto, a ética discursivas dos defensores da natureza que se consideram espiritualistas é fundamental. Para tanto, não menos importantes, são as participações e contribuições religiosas, em seus vários pontos de vista. Nesse contexto, não há como excluir a Umbanda, uma vez que esta é uma religião cujo movimento ensina o culto à Natureza em respeito às suas potestades.

Antes de iniciarmos o desdobramento da temática, gostaríamos de lembrar ao leitor que, em nosso último texto – O Templo, o Mestre e o Discípulo-, afirmamos que a natureza seria, para o ser humano, “o grande templo criado por Deus”. Nesse caso, pela visão macro, seria o mais encantador e perfeito dos santuários cujas leis alçam o homem na busca do conhecimento, a fim de que ele possa compreender o Sagrado. Consequentemente, o contato com o sagrado o colocará em sintonia com as frequências espirituais, impulsionando-o, progressivamente, ao reencontro dos princípios superiores. Em nosso entendimento, o respeito do homem pela Natureza seria o mesmo que resgatar o “Elo Perdido” ou o sagrado, em seus aspectos objetivos e subjetivos.

É oportuno ressaltar que a condição de umbandista nos permite vivenciar e experimentar situações, as quais nos colocam em contato consciente com determinadas forças e potências atuantes na natureza. Destarte, hoje nos consideramos mais responsáveis e, por isso, sentimo-nos integrados à beleza e mistérios que a natureza nos oferece.

A relação do Homem com a Natureza inquestionavelmente é intrínseca, embora, essa seja uma realidade ignorada pela grande maioria dos seres encarnados. Conscientemente, poucos acreditam que o ser humano, em essência, seja espírito, mas que, substancialmente, em si próprio é a representação da natureza, visto que em sua estrutura biofísica carrega elementos radicados e provenientes dos minerais e vegetais.

Como afirmam as várias “academias” esotéricas do espírito: “o homem é feito e composto dos quatro elementos básicos da natureza.” O aforismo apenas ressalta o fato de que o organismo físico é, sem maiores embargos, constituído de sólidos, líquidos e gasosos. Porque, em se tratando de matéria, os referidos elementos no ser humano, não coexistiriam em unidade, sem a energia ígnea.

Ademais, afirmativamente, o homem não deixa de ser uma entre as várias espécies de animais que habitam o planeta terra e que, por ignorância, acha-se dono da Natureza. Assim, aturdido pela condição de “deus” decaído e envolvido pela vaidade temporal, arrasta-se sob pesado fardo existencial Kármico, colocando em risco toda a vida planetária, já que se encontra ainda acorrentado ao egoísmo.

Particularmente, sentimo-nos à vontade para falar do assunto, pois, na condição de ser encarnado, não nos isentamos de assumir resgates que ao longo das existências pretéritas foram adquiridas por falta de responsabilidade. Queira ou não, direta ou indiretamente, penso que seja justo o resgate, já que contribuímos para com as agressões infringidas sobre a natureza! Aliás, esse é um dos motivos que nos moveu a escrever estas parcas linhas.

Ao fazermos referências às forças atuantes na Natureza, não há como ignorá-las; principalmente, quando levamos em conta o magnetismo elementar advindo dos seres que, em potência, comanda tais forças Assim, consideramos que os sítios vibratórios são verdadeiros mananciais, cujos campos afins se alternam em frequências e ritmos. Por este viés, embora, para muitos, a magia ainda seja questionável, não o é para nós. Eis aí, um dos mistérios, que se melhor estudado e vivenciado, seria uma extraordinária ferramenta para auxiliar a humanidade em suas conquistas objetivas e subjetivas.

Para fins didáticos, dividiremos o presente artigo em três partes, a saber: Na primeira, iniciaremos apresentando, sucintamente, alguns dados que apontam para a gravidade da situação ecológica atual. Enfatizaremos e citaremos dados que, sintomaticamente, realçam o homem como “Ser” doente, que inserido no contexto e contingências humanas, integra uma sociedade que compartilha do mesmo mal. Num segundo olhar, faremos um contraponto entre a teologia umbandista e os problemas ecológicos atuais.

Encerraremos a última parte do texto falando dos objetivos do movimento Umbandista, conforme preconizado pelo AUEA, no que diz respeito à colaboração de todos para mudar as concepções atuais, dentro da “vivência social de terreiro”.

Segundo já comentamos, antes de entrarmos na primeira parte da temática, na qual apontaremos dados que comprovam a crise ambiental que assola o Planeta Terra, faz-se necessário entendermos o que significa meio ambiente.

Obviamente que a nossa visão não é exclusivamente acadêmica. Nesse caso, não nos consideramos “experts”, mas também não podemos dizer que sejamos leigos. Assim, usaremos as citações de estudiosos que abordam o assunto com mais propriedade, a fim de enriquecermos o nosso diálogo.

Inúmeras são as divergências conceituais entre os estudiosos, no que se refere à expressão “meio ambiente”. Para alguns, tal expressão não passa de um pleonasmo linguístico que, no fundo, não deixa de ser dois termos que levam ao mesmo significado. Sem entrarmos nas discussões etimológicas da palavra, que sem dúvida consideramos impróprias, vejamos a praxe discursiva.

Legalmente, o conceito de meio ambiente está contido no artigo 3º, I, da Lei nº 6.938/91: Art. 3º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Observando o dispositivo legal citado acima, podemos simplificar e extrair do texto que: o meio ambiente é o conjunto de condições que rege a vida em todas as suas formas. Apenas acrescentaríamos: de expressão espiritual, após a palavra forma. Por falar em citações de estudiosos do meio ambiente, lembramo-nos de um que, nos tempos em que cursávamos a academia, foi-nos muito útil, Afonso Garcia Rúbio. Ele escreveu sobre o assunto, com propriedade, em seu texto O Ser Humano no Seu Ambiente, que mostra, através de um discurso consciencional, a responsabilidade do ser humano como cristão diante de sua morada, o Planeta Terra.

Outro texto de nossa autoria, também divulgado no site do AUEA, faz-se oportuno quanto à temática, de acordo com o fragmento abaixo:

Houve, consequentemente, por parte de todos os Espíritos, a premente necessidade de vivenciar a Natureza para reaprender a Vida. Fadado à exigência da expiação Kármica na dimensão física regida pelo espaço/tempo, o “Ser” na condição de humano foi forçado a conviver com outros de sua mesma espécie. Foi aí, que começou a sua maior luta! Fazer com que, a sua capacidade espiritual sobrepujasse a sua necessidade material. Dessa forma, imperativamente, foi-lhe exigido esforço redobrado, a fim de que a sua sideral caminhada evolutiva suplantasse a temporal sobrevivência humana.

Sapientes, também não deixam de ser as considerações de Oliveira e Guimarães (2004, p. 27), que na mesma linha de pensamento de Afonso Rúbio, remetem-nos à interdependência, assunto atual dentro da doutrina espiritual umbandista, que preconizada pelos Guias de envergadura, demonstram hierarquicamente sua ancestralidade ascendente, seguindo a mesma linha de raciocínio:

A interação e interdependência do meio ambiente, portanto, pressupõem superar o paradigma de dominação que sempre caracterizou as relações entre o homem e o meio ambiente, levando-nos a uma re(significação) que potencialize a ética da alteridade, com ênfase em valores fundamentais. Este novo modelo de organização planetária deve ter como alicerce a responsabilidade, o cuidado e o respeito do homem para consigo mesmo, para com o próximo, para com as outras espécies e, até mesmo, para com os componentes abióticos que constituem a biosfera. (Grifo nosso)

Creio que, após lermos as citações acima, com atenção e espírito desarmado, não escaparemos da imediata reflexão, que vista pelo campo espiritual, faz-nos repensar sobre a participação do homem, da religião ou, por que não dizer da umbanda, na preservação do meio ambiente.

Diante do enfoque da citação, os autores nos alertam e nos questionam quanto à responsabilidade do homem ante a crise ecológica, e os desafios que a humanidade enfrenta, tendo em vista a sua realidade existencial.

De fato, os problemas ecológicos são pauta de primeira instância, dada a urgência de medidas que devem ser tomadas, sem muita parcimônia. Como diz o ditado popular, “só os cegos é que não querem ver” que o consumismo desenfreado é a maior ameaça da humanidade.

A bem da verdade, mobilizações políticas já foram iniciadas, a exemplo da citação que seguirá. Entretanto, esperamos que não sejam tardias, haja vista o excesso de burocracias que envolvem os departamentos estatais nacionais e internacionais.

Nesse contexto, penso que não seja novidade para os mais atentos, no que se refere aos problemas ecológicos, relembrarem que na cidade de Estocolmo, em 1972, reuniram-se 113 nações que oficializaram a Conferência das Nações Unidas, a fim de discutirem problemas relacionados ao meio ambiente (CARVALHO, 2003).

Foi a primeira vez que problemas políticos, sociais e econômicos do meio ambiente global foram discutidos num fórum intergovernamental com uma perspectiva de instituir ações corretivas.

Esse evento marcou a passagem do ambientalismo emocional da década de 60 para o ambientalismo mais racional dos anos 70. Resultou, também, na criação do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, estabelecendo um compromisso entre as diferentes percepções de meio ambiente defendidas pelos países menos desenvolvidos e mais desenvolvidos. Esta última década é considerada a década do ambientalismo dos atores políticos estatais. (SPAREMBERGUER, 2008).

Passados exatamente 40 anos da conferência realizada em pleno continente europeu, embora as discussões sejam cada vez mais acaloradas, efetivamente, pouco se alcançou na solução dos problemas que envolvem o meio ambiente, que, por sinal, ainda continuam sendo um entrave para o fim das desigualdades sociais.

Vimos que o consumismo é um problema que agrava a causa da crise ambiental no mundo. Nesse cenário, o capitalismo desenfreado é coparticipante que ofusca ainda mais o grau consciencial da humanidade e que, cedo ou tarde, terá que resgatar o seu débito para com o Planeta Terra.

Feitas as devidas considerações, o nosso segundo olhar perpassa, agora, pela visão do umbandista, que ecologicamente somos. A teologia umbandista em conexão com os problemas ecológicos atuais, através de seus diletos ancestrais, ensina-nos que pela metodologia do “Tríplice Caminho”, necessitamos, urgentemente, pensar, sentir e agir, efetivamente em prol da Natureza, que em agonia clama por ajuda.

Não ignoramos que dependemos da Biodiversidade e, principalmente, do equilíbrio de seus vários Biomas. Cientes da visão sistêmica defendida por nomes “de peso” em prol do meio ambiente, arrisco dizer que somente adquiriremos consciência em favor da vida, quando não desprezarmos as Leis que regem o Universo. Acertada é a afirmativa espiritual: “Ou corrigimos o rumo, ou estaremos fadados ao perecimento da espécie humana.”

Não podemos ignorar a superpopulação, a insuficiência de alimentos, o esgotamento das reservas naturais, a poluição etc. Todos esses fatores são provas inquestionáveis do descuido do ser humano para com a grande morada terrena.

Somente a título de informação, ouvindo uma das exposições de André Trigueirinho, formidável palestrante e, para mim, um dos mais “antenados” com relação aos problemas ecológicos (meio ambiente) enfrentados pela presente humanidade, dizia ele: “A população mundial cresce diariamente 200 mil novos indivíduos, ou 73 milhões por ano, sem contar que o Planeta Terra possui atualmente 07 bilhões de pessoas.” Como alimentar todos sem uma justa distribuição de renda?

Ele nos informa ainda que: 83% da população mundial vivem na cidade e esses indivíduos, não se admite que sejam ecológica e ambientalmente analfabetos, embora sejam os que mais danos causam ao meio ambiente. Não se preocupam, sequer, com os detritos e lixos que produzem e nem para onde vão. Lembram-se, apenas, de puxar a cordinha ou apertar o botão da descarga, bem como, amarrar a sacolinha do lixo e colocar na rua, para que os garis e lixeiros desapareçam com “aquilo” […].

Mais uma vez, com a palavra André Trigueirinho, o qual evoca a responsabilidade que recai sobre todos nós, seres humanos: “sejamos nós a mudança que queremos ver no mundo.”

Há muito se fala das consequências advindas do êxodo rural, entretanto, ao que parece, essa realidade não comoveu a população mundial, pelo menos é o que se vê. Mas, como ficam as consequências advindas dessa passividade, que estão escancaradas para todos verem? Quem vai “pagar o pato”?

As grandes cidades se avolumam cada vez mais. Não se respeita os planos diretores urbanos, nem a lei do uso do solo. Invadem cada vez mais as áreas de preservação permanente. Consequentemente poluem a atmosfera e os recursos hídricos, esgotam os solos, devastam as florestas, extinguem os animais. Em resumo, desequilibram todo o ecossistema do Planeta.

Mesmo sabendo de todas essas verdades, o que fazemos? Continuamos contribuindo para o binômio trágico: Poluição e desperdício. Paradoxalmente, nutrimos uma ostentação diante da alertada escassez planetária. Não nos preocupamos em distinguir o necessário e o supérfluo. Ludibriados pela armadilha do capitalismo, consumimos cada vez mais, e haja “liquidação” para nos satisfazer.

Esquecemos o que há muito já afirma a economia, quando nos precaveu de que os recursos são finitos, mas as necessidades humanas são infinitas. Como então compatibilizar esse antagonismo? E não é falta de aviso, uma vez que estamos vivenciando, em tempo recorde, uma acelerada tecnologia de informação, antes nunca vista. São alertas, de movimentos ativistas, dados por vários órgãos, tais como, ONGs, ONU, abaixo-assinados por ganhadores de nobel etc.

Por outro lado, descaradamente, observamos imperar a hipocrisia do discurso que, em muitas circunstâncias, começa em nós mesmos, estendendo-se aos representantes dos Três Poderes. Pergunto: Até quando estaremos submetendo a nossa vontade a terceiros? Pelo contexto, ora abordado, atentemo-nos para a fala de Carl Jung, que, a nosso ver, é imperante na religião tradicional, inclusive podendo “contundir” vergonhosamente os umbandistas que se dizem preservadores do meio ambiente:

Todos os esforços são feitos para ensinar crenças ou condutas idealistas às quais as pessoas sabem, no fundo do coração, que jamais poderão corresponder, e esses ideais são pregados por pessoas que sabem que elas mesmas nunca corresponderão a esses elevados padrões. (http://modificandopensamento.blogspot.com.br/2012/05/parte-2-olhar-do-mal-continuacao.html)

Com propriedade, também nos alerta a autora da teoria da equidade intergeracional, quando proclama que cada geração humana recebe, na esteira da evolução, sua quota-parte de responsabilidade junto ao meio ambiente:

Em qualquer momento, cada geração é ao mesmo tempo guardiã ou depositária da terra e sua usufrutuária: beneficiária de seus frutos. Isto nos impõe a obrigação de cuidar do planeta e nos garante certos direitos de explorá-lo. (WEISS, 1993, p.15).

Vem-nos outra frase à mente, que também contribui para o nosso diálogo e o enriquece quando a responsabilidade é fator primordial para o processo de conscientização. Nessa esteira, não posso deixar de citar o pensamento de Clarice Lispector, visto que a nossa intenção discursiva é que o diálogo, ora apresentado, seja eclético e ecumênico, se assim podemos chamá-lo.

Até onde posso vou deixando o melhor de mim. Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração.

Voltando ao cerne do assunto, os problemas ecológicos são resultados das ações humanas que, sem serem novidades, não deixam de apresentar, em conjunto, a doença social que soma a ignorância e o desdém sentimental do homem para com a Natureza. Dessa forma, podemos afirmar que a população planetária, social e ecologicamente está doente!

Citada a doença, podemos, pelo diagnóstico, dizer que ela advém da ignorância espiritual. Assim, razão assiste a Teilhard de Chardin: “Somos Seres Espirituais passando por uma Experiência Humana…” e não o contrário. Dessa forma, o meio ambiente não deve ser separado dos seres humanos. Não é esta, a ética biocêntrica que se opõem à ética antropocêntrica em um discurso radical já superado?

Os problemas ecológicos estão interligados, eles oferecem uma sintomatologia que aponta para um mal profundo, situado no próprio homem.

Por falar em ética, vale conferir (BOFF, 1993), que sobre o assunto contribui, em muito, ao afirmar que os problemas ecológicos são frutos da inconsciência do ser humano devido à falta de espiritualidade, que transformados em um problema mundial, colocam em risco, hoje, a vida no Planeta Terra.

Revelou à humanidade o Deus-Cuidador Experimentando Deus como Pai e Mãe… Fez da misericórdia a chave de sua ética. É pela misericórdia que os seres humanos chegam ao Reino da vida. (Mt 25, 36-41).

Dentro da tradição religiosa, cujos ensinamentos bebemos e aos quais estamos vinculados, não poderíamos deixar de citar o Mentor espiritual Caboclo Cobra Coral (Mestre Ara-aniananda) que, ao falar de misericórdia, ensina-nos, em sua língua ancestral, munhã necuera beré cuissara: “Tenha misericórdia, apoia teus irmãos.” Por conseguinte, entendemos que ser ético é aplicar a misericórdia.

Como muito bem diz o ditado popular: “Não se pode tapar o sol com a peneira.” De fato, a realidade está estampada em todos os lados, para que todos a vejam, e ninguém quer assumir a culpa. Com isso, “no empurra, empurra”, acaba sobrando para os mais pobres, que não conseguem e não podem “comprar a natureza”, como pensam os “donos do mundo”.

Verdadeiramente, o homem ainda não acordou! Coincidentemente, não atinou para a realidade dos fatos evidentes, quanto aos danos cometidos contra o meio ambiente. Encontra-se ainda eivado de seu antropocentrismo, exigindo da natureza que funcione de acordo com os seus caprichos, erros e experimentos. Coloca-se fora do cenário natural, embora seja produto desse mesmo meio, achando-se “deus” na Terra.

Como anuncia a teologia cristã, o homem foi criado à imagem de Deus. Destarte, acertadamente, é co-criador e administrador do mundo. Evidentemente é chamado para exercer, sobre o seu habitat, o domínio que servirá à humanização de todos os indivíduos, o que não se confunde com o fazer valer o domínio por meio da força, em vez do respeito pela relação.

Ao evocarmos a evolução, fica patente que não é mais possível tratar a libertação do “ser espiritual”, ainda que na condição humana, independentemente do Cosmo. Urge que a libertação do ser humano não ignore a sua ascendência espiritual que, em se tratando de transcendência, seja válida tanto no nível sociopolítico e econômico, como também nos aspectos mais abrangentes da salvação integral do Homem.

Deduz-se, assim, que a modernidade impulsiona o homem ao consumismo, e, consequentemente, a uma perda de consciência da sua verdadeira identidade espiritual. Fica evidenciado que “a erradicação da natureza significa a extinção da raça humana”. Para tanto, a vida é fundamentada em valor e verdade. Então, falso é tudo aquilo que nega a vida e que, por extensão, compromete a Natureza.

Falta aos seres humanos, notar a gratuidade de Deus como realidade na Natureza e, assim, recobrar a sua capacidade de interdependência junto aos outros e, principalmente, diante do Planeta.

O homem verdadeiramente só será a imagem de Deus, como defendem os teólogos cristãos, no dia em que ele utilizar de seu potencial para favorecer a capacidade de conviver com a natureza e o semelhante, sem causar mal a si e aos outros.

A conclusão, praticamente, unânime é de que as políticas que visem à conservação do meio ambiente e à sustentabilidade de projetos econômicos de qualquer natureza, devem sempre ser a ideia principal e a meta a ser alcançada por qualquer governante que não descarte a possibilidade de reduzir o consumismo e os desperdícios; fomentando, consequentemente, práticas ambientais responsáveis.

Penso que uma das medidas seja ensinar cada indivíduo a ampliar sua consciência ecológica, começando pela base das famílias, principalmente com as crianças que, segundo o jargão popular, “são o futuro no presente”.

Entre os princípios que Oliveira (2004, p. 25) considera relevantes, cito ainda: o respeito incondicional às “Potências Sagradas”, que imperativamente, atuam espiritualmente sobre a Natureza, gerando através de suas Leis os mais variados fenômenos, visíveis ou não.

Pela ótica espiritual, na condição de Umbandista praticante, é impossível ignorar o comando dos Orixás. Sendo eles, a expressão máxima da Divindade que atua sobre a Natureza física e hiperfísica, permitindo ao homem transitar entre as várias dimensões ambientais. Aliás, como já afirma a física quântica, quando se refere aos multiversos.

Dessa forma, a Natureza é a mais bela das criações divinas que, em seu meio, permite ao Homem experiências e vivências, a fim de que recobre a consciência e se reconheça como “espírito imortal”. Só assim, pela inteligência, reconhecerá Deus como a Sábia e Amorosa força espiritual, que dirige o Cosmo e consequentemente o Planeta Terra, a afortunada morada provisória dos seres espirituais em evolução.

Finalizo, dizendo que as mudanças são necessárias e urgentes. Nesse cenário, os templos umbandistas são instrumentos institucionais importantes para a mudança desses paradigmas.

Convido os umbandistas e simpatizantes a fazermos uma reflexão:

A tecnologia resolverá todos os nossos problemas? Caso não, penso que compete ao homem ser virtuoso e por que não dizer, Sábio e Amoroso. Porque, queira ou não, é a Natureza a grande “mãe”, que regula a relação dos seres espirituais, encarnados ou não, pois só assim compreenderemos a vida na nossa casa Planetária!

Saravá.

Revisão: Cleane Drumond

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – ANTUNES, Paulo de Bessa. Curso de Direito Ambiental: doutrina, legislação e jurisprudência. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2005. -BOFF, Leonardo. Ecologia, mundialização e espiritualidade. São Paulo: Ática, 1993. -BROWN WEISS Edith. Justice pour les Générations Futures. Paris: Editions Sang de la Terre. 1993 -CARVALHO, Carlos Gomes de. O que é Direito Ambiental: Dos Descaminhos da Casa à Harmonia da Nave. Florianópolis: Habitus, 2003. -EMBRAPA. Meio ambiente. Disponível em: www.cnpma.embrapa.br. Acessado em 20/11/2009. -GARCÍA RUBIO, A. Unidade na pluralidade: O ser humano no seu ambiente. S.Paulo, 1985, p. 535-573. -MEIO AMBIENTE. Pesquisador quer aprimorar medição de emissão de carbono pela Floresta Amazônica. Disponível em: www.revistameioambiente.com.br. Acessado em 30/05/2012. -OLIVEIRA, Flávia de Paiva Medeiros de; GUIMARÃES, Flávio Romero. Direito, Meio Ambiente e Cidadania. São Paulo: Editora WVC, 2004. -SPAREMBERGUER, Raquel Fabiana Lopes. http://www.domtotal.com/direito/pagina/detalhe/23711/a-relacao-homem-meio-ambiente-desenvolvimento-e-o-papel-do-direito-ambiental. Acessado em 30/05/2012. – Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica de 1992. – Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 1992. -Declaração das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992. – Declaração das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano de 1972 – http://modificandopensamento.blogspot.com.br/2012/05/parte-2-olhar-do-mal-continuacao.html Acessado em 29/05/2012.

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