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As Sete Lágrimas de Pai Preto

  • Post published:03/09/2012

Foi uma noite estranha aquela noite; estranhas vibrações afins penetravam meu Ser Mental e o faziam ansiado por algo, que pouco a pouco se fazia definir… Era um quê desconhecido, mas sentia-o, como se estivesse em comunhão com minha alma e externava a sensação de um silencioso pranto. Quem do Mundo Astral emocionava assim um pobre “eu”? Não o soube, até adormecer… e “sonhar”…

Vi meu “duplo” transportar-se, atraído por cânticos que falavam de Aruanda, Estrela Guia e Zambi; eram as vozes da SENHORA DA LUZ VELADA, dessa UMBANDA DE TODOS NÓS, que chamavam seus filhos de fé… E fui visitando Cabanas e Tendas, onde multidões desfilavam… Mas, surpreso ficava, com aquela “visão” que em cada uma eu “via” invariavelmente, num canto, pitando, um triste Pai-Preto chorava. De seus “olhos” molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e não sei por que, contei-as…


Foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e interroguei-o: fala Pai-Preto, diz a teu filho, por que externas assim uma tão visível dor? E ele, suave, respondeu: estás vendo essa multidão que entra e sai! As lágrimas contadas, distribuídas, estão dentro dela…

A Primeira Lágrima eu a dei a esses indiferentes que aqui vêm em busca de distração, na curiosidade de ver, bisbilhotar, para saírem ironizando daquilo que sua mente ofuscada não pode conceber.

A Segunda Lágrima, dou a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um “milagre” que os façam “alcançar” aquilo que seus próprios merecimentos negam.

E mais: a Terceira Lágrima foi para esses que crêem, porém, numa crença cega, escrava de seus interesses estreitos. São os que vivem eternamente tratando de “casos” nascentes uns após outros…

E outras mais que são a Quarta Lágrima que distribui aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejam sempre prejudicar a um seu semelhante – eles pensam que nos, os Guias, somos veículos de suas mazelas, paixões, e temos obrigação de fazer o que pedem… Pobres almas, que das brumas ainda não saíram.

Assim, vai lembrando bem a Quinta Lágrima que foi diretamente aos frios e calculistas – não crêem, nem descrêem: sabem que existe uma força e procuram se beneficiar dela de qualquer forma. Cuida-se deles, não conhecem a palavra gratidão, negarão amanhã até que conheceram uma casa de Umbanda. Chegam suaves, têm um riso e o elogia à flor dos lábios, são fáceis, muito fáceis; mas se olhares bem seu semblante, verás escrito em letras claras: creio na tua Umbanda, nos teus Caboclos e no teu Zambi de Pai-Velho, mas somente se vencerem o “meu caso”, ou me curarem “disso ou daquilo”…

A Sexta Lágrima eu a dei aos fúteis que andam de Tenda em Tenda, não acreditam em nada, buscam apenas aconchegos e conchavos; seus olhos revelam um interesse diferente, sei bem o que eles buscam.

E a Sétima Lágrima, filho, notaste como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que “vive” nos “olhos” de todos os Orixás; fiz doação dessas aos vaidosos, cheios de empáfia, para que lavem suas máscaras e todos possam vê-los como realmente são… “Cegos, guias de cegos”, andam se exibindo com a Banda, tal e qual mariposas em torno da luz; essa mesma Luz que eles não conseguem ver, porque só visam à exteriorização de seus próprios “egos”… “Olhai-os bem, vê-de como suas fisionomias são turvas e desconfiadas; observai-os quando falam “doutrinando”; suas vozes são ocas, dizem tudo de “cor e salteado”, numa linguagem sem calor, catando loas aos nossos Guias e Protetores, em conselhos e conceitos de caridade, essa mesma caridade que não fazem, aferrados ao conforto da matéria e à gula do vil metal. Eles não têm convicção.


Assim, filho meu, foi para esses todos que viste cair, uma a uma, AS SETE LÁGRIMAS DE PAI-PRETO”

Então, com minha alma em pranto, tornei a perguntar: não tens mais nada a dizer, Pai-Preto? E daquela “forma-velha”, vi um véu caindo e num clarão intenso que ofuscava tanto, ouvi mais uma vez….

“Mando a luz da minha transfiguração para aqueles que esquecidos pensam que estão… ELES FORMAM A MAIOR DESSAS MULTIDÕES”… São os humildes, os simples; estão na Umbanda pela Umbanda, na confiança pela razão… SÃO OS SEUS FILHOS DE FÉ. São também os “aparelhos”, trabalhadores silenciosos, cujas ferramentas se chamam “DOM E FÉ”, e cujos “salários” de cada noite… São pagos quase sempre com uma só moeda, que traduz o seu valor numa única palavra – A INGRATIDÃO. __________________________________________________ [1] AUTOR: WW. DA MATTA E SILVA. (28.06.1917-1988)

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