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A Caminho da Iniciação

Aprecie um dos capítulos do Livro Conversando no Terreiro

  • Post published:29/09/2012

Lição nº02

Data: 04/03/08

A Caminho da Iniciação

Boa noite a todos! Sejam bem-vindos!

Como ponderamos no último encontro, hoje iniciaremos diálogo a respeito do percurso e aprendizado do Espírito, cujo processo evolutivo, obrigatoriamente, deve ser trilhado pelo Ser Humano. Essa é a chamada Iniciação. Sem dúvida, esse é o caminho mais difícil ao homem de perceber e vivenciar, eis que, ainda, se encontra envolvido por aspectos ilusórios.

São as ilusões, refrações da verdadeira imagem e identidade do espírito que, aliás, dificultam-lhe a caminhada. Ser Espírito é estar envolvido por um corpo de matéria perecível, que não lhe permite a experimentação e vivência, sem se perder pelos apegos da matéria, é dizer que deverá o espírito valorizar sua essência, em detrimento da forma. Desta maneira, estará quebrando a dualidade, na qual está inserido. Com absoluta certeza, esse processo não é tão simples, como parece ou quer acreditar a grande parte da sociedade.

Buscar a via de ascensão, dentro do reto caminho iniciático, requer do adepto abrir mão de muitos conceitos e “atitudes convencionais”¹. Isso implica abandonar hábitos antigos, repassados através de tradição familiar, com reflexos diretos na sociedade, em culturas locais ou globalizadas. Caminhar, buscando o encontro da própria essência, é mergulhar na própria alma e procurar desvendar as suas realidades espirituais. É não fugir! É enfrentar e vencer as suas ilusões, que são aspectos que arrastam, quase sempre, o iniciado rumo ao embotamento de sua “realidade intrínseca”² .

Nem sempre foi fácil ao iniciando essa busca e, conseqüentemente, essa caminhada. Os percalços são muitos e exige do aprendiz atenção constante aos obstáculos que serão enfrentados. O próprio Cristo já “dizia” que escolhêssemos a “porta estreita”³ .

Antes de prosseguirmos com o nosso diálogo, é necessário entendermos que são muitas as escolas que podem possibilitar aos espíritos, encarnados ou não, essa caminhada, desde que estejam preparados para este desafio.

Quando falamos sobre essas escolas, não estamos nos limitando somente aos grupos ou sociedades herméticas, de cunho esotérico, mas a todos os seguimentos da sociedade que possibilitem às pessoas novas conquistas de valores imperecíveis, que venham pela vertente do Sagrado.

Algumas dessas escolas guerreiam pela hegemonia dessa caminhada. Porém, os conceitos ministrados a esses adeptos estão calcados em ensinamentos perecíveis e carcomidos pela vaidade humana. Tal atitude compromete o aprendizado e gera intolerâncias de diversos graus.

As verdadeiras “Escolas Iniciáticas” que trazem ensinamentos repassados de geração em geração pela ancestralidade, estão alicerçadas numa doutrina de síntese, não separando o conhecimento vertical do horizontal. Esses ensinamentos, sejam eles objetivos ou subjetivos, são de cunho espiritual, em sua grande maioria. Entretanto, ainda não foram comprovados ou explicados pela ciência oficial, em seu materialismo dialético. Com isso podemos afirmar que são poucas as escolas implantadas e funcionando, na atualidade, que logram êxito em suas empreitadas.

Quando falamos que são poucas essas Escolas, entendemos que a causa de tudo é a raridade dos Mestres de Iniciação, com ordem e direitos de trabalho, atualmente encarnados. Evidentemente que, sendo incomuns esses Mestres, cujos ensinamentos são ministrados somente àqueles que já possuem um grau de maturidade, por conseqüência, poucos são os que buscam a iniciação e que terão acesso direto a esses Licenciados. Precisamos compreender que, o cenário terrestre ainda é um campo de aprendizado, cujas lições são ministradas a toda sociedade, de forma a proporcionar-lhe romper os grilhões que ainda prendem seus componentes aos instintos materiais.

Buscar a Iniciação é abrir-se a novas conquistas. Como dissemos anteriormente: é ir ao encontro da sua própria essência, mergulhando em sua própria consciência e revertendo conceitos ilusórios em verdades reais, inicialmente relativas, desde que estejam em consonância com egrégoras positivas, até conquistar patamares superiores, aliando-se à vertente Una do Sagrado.

Estar frente a um revelador ou Mestre, que nos possibilite a iniciação, é poder vivenciar realidades que fogem à concepção e aceitação da maioria dos seres humanos. Com isso, aumenta-se a responsabilidade perante si próprio e diante de toda a sociedade. Assumido esse compromisso, haverá por parte do iniciando, um novo mundo com necessidade de mudanças internas e externas.

A Umbanda é uma dessas Escolas de Iniciação que, de forma variada, vem abarcando e mudando concepções retrógradas, mas, ao mesmo tempo respeitando os vários graus e sub-graus de consciência dos seres humanos. Por ser doutrina de síntese, a Umbanda não despreza qualquer forma de manifestação, buscando, sempre que possível, um ponto de diálogo e esperando o momento certo de se mostrar como verdadeiramente é.

Dentro do Movimento Umbandista há verdadeiros “Centros” ou, melhor dizendo, Templos avançados de vivência de realidades espirituais, tanto em seus aspectos externos, com gamas de rituais que vão dos mais concretos (positivos) aos mais abstratos (superlativos). Vivenciar essa realidade em suas atividades é alçar vôo que nos leva a conhecer a nós mesmos, a Natureza e suas Leis, e quem sabe o “Universo das coisas”.

Diante dessas revelações percebe-se que a iniciação, sob esta ótica, é um processo individual que poderá levar toda uma vida ou várias outras existências, dentro da concepção de encarnação.

Assim, claro fica que, o que há, convencionalmente, preconizado por muitas escolas como sendo iniciação, quase sempre são ensinamentos generalizados, coletivos, em cursos ou apostilas, que não alçam o Ser Humano a Deus, em sua busca essencial.

A iniciação é um percurso individual, no qual há um processo de centralização do homem com sua essência, horizontalizando-o com a Humanidade, com a Natureza Universal, e verticalizando-o com o Sagrado. Esse processo transforma a pessoa em Ser Universal.

Antes de esmiuçarmos ainda mais acerca da iniciação, é importante ressaltar que, a doutrina iniciática, especificamente, dentro do Movimento Umbandista, está embasada numa transmissão ou decodificação, passada de geração em geração. Esse processo, se assim podemos chamá-lo, seria tal como uma tradição oral, que no fundo se sustenta no Sagrado, para não perder a essência. Importante ressaltar-se que, a “Tradição Oral” se sustenta no fundamento da vivência e convivência, relação de reciprocidade que só é possível acontecer de Mestre para Mestre com ordem e direito de trabalho. Neste aspecto, poderíamos citar as linhas de transmissão espiritual dos Mestres Astrais aos Mestres encarnados, evidente no processo mediúnico.

Aos incautos e profanadores das Verdades Divinas, diríamos que essa tradição, estendida aos que buscam a iniciação e possuem condições para tal, é um processo assistencial, que vincula os verdadeiros Mestres Astrais aos seus discípulos encarnados.

Como dissemos, são capacidades iniciáticas, que se conquistam na vivência ritualística junto a um Mestre ordenado pelo astral, competente e capacitado nas lides da mente e do coração das humanas criaturas. Para os médiuns de todos os seguimentos, a aludida iniciação se conquista no Templo e no tempo da vida existencial.

Para concluirmos, resumiremos a Iniciação na Umbanda, como uma forma inteligente de se viver bem. Onde a fórmula aplicável é aprender, apreender e compreender a própria origem e existência, sem se distanciar da Espiritualidade.

Conforme grifo acima, entendemos que aprender é conhecer, arquivar informações na mente, no uso constante do pensamento. Apreender é transformar o arquivo mental em fé, sentir o gosto do que já se conhece, processo que se dá de forma afetiva e efetiva, o mesmo que interiorizar. Compreender seria compartilhar do aprendizado interno com outros, de tal modo que o saber seja também percebido por esses. É exteriorizar positivamente o que já se conquistou internamente. Seria afirmar que o Ser humano carece pensar com o coração e sentir com o cérebro, sem perder a referência do Sagrado.

Pelo que já nos foi passado pelos diletos Mentores que nos dirigem a mediunidade, seria a “Educação e Cultura com Espiritualidade”. Desta forma, aprender seria sinônimo de cultura mental; o apreender a educação sentimental e o compreender, a doutrina espiritual.

Neste contexto, educação e cultura seriam vertentes para se alcançar o Amor e a Sabedoria, no caso a Umbanda, que a nós é proposta como Espiritualidade. Espero que um dia nossos Mentores permitam descerrar um pouco mais esse véu. Até lá aguardemos!

Assim, a Epistemologia ou Conhecimento usado pela Umbanda, através de sua dialética, permite que sua “Sabedoria Milenar Ancestral” seja aplicada através de método seguro, na vivência diária do discípulo em sua caminhada de reforma individual, com reflexos em toda a coletividade.

Iniciar é deixar de ser único para ser Uno com Deus.

Assim, que a força do Orixá Ogum e a Paz do Cristo, nos conduzam ao caminho do verdadeiro aprendizado espiritual. Que as Bênçãos de Amor e Sabedoria de nosso Pai Tupã sejam as luzes que a Umbanda nos oferece desde o início dos tempos. Saravá.

——————————————————– ¹ Para nós o convencionalismo é senso comum relacionado às convenções sociais, no qual está inserido, que se baseia na moral (normas, regras e leis) que mudam segundo a percepção do grupo ou coletividade. Desta forma, o grupo social se identificaria pela moral e não pela ética. Assim, a iniciação poderia ser considerada um arbítrio anti-convencional, pois estaria, intrinsecamente, ligada ao exercício ético, a exigir do iniciando uma conduta reta, virtuosa, altruísta, onde a relação social não poderia prescindir da alteridade. ² Identidade espiritual. ³ Mateus 7: 13-14: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram”.

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